O #tbt de hoje é sobre “A Alma Boa de Setsuan”, montagem que celebrou não apenas o talento de Denise Fraga, mas também a força transformadora do teatro.
Sob a direção de Marco Antônio Braz, fundador do grupo Círculo de Comediantes, a peça de Bertolt Brecht ganhou nova vida e voltou aos palcos com uma linguagem acessível, crítica — como pede o espírito brechtiano.
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Uma atriz, duas almas e um palco cheio de história

Na pele da protagonista, Denise Fraga entregou uma performance intensa, ora delicada, ora dura, encarnando duas faces de uma mesma existência. De um lado, Chen-Tê, a prostituta de coração generoso que acolhe todos ao seu redor. Do outro, Chuí-Ta, o alter ego impiedoso e racional que surge como forma de proteção.
A atuação de Denise — conhecida por transitar com maestria entre o drama e a comédia — trouxe frescor e profundidade à personagem, reafirmando sua crença no humor como instrumento potente de comunicação.
Uma fábula moderna e necessária
Escrita por Bertolt Brecht, um dos maiores nomes do teatro épico, “A Alma Boa de Setsuan” é uma fábula de ares orientais que levanta questões fundamentais: é possível ser bom em um mundo injusto? O que acontece quando a generosidade entra em conflito com a sobrevivência?
Na trama, os deuses descem à Terra em busca de uma “alma boa” e encontram Chen-Tê. Como recompensa, oferecem um saco de dinheiro, esperando que ela continue praticando o bem. No entanto, o presente se transforma em um fardo, e a protagonista vê-se obrigada a assumir uma segunda identidade — Chuí-Ta — para se defender da exploração dos outros.
O espetáculo não entrega respostas fáceis nem finais confortáveis. Pelo contrário: nos coloca frente a frente com uma dualidade humana inevitável.
50 anos depois da estreia no Brasil, uma nova leitura
Um detalhe especial dessa montagem é o seu valor simbólico: ela estreou exatos 50 anos depois da primeira apresentação profissional da peça no Brasil, protagonizada por Maria Della Costa, em 1958. Ou seja, além de ser um marco no repertório de Denise Fraga, a montagem também prestou uma homenagem à história do teatro brasileiro.
A peça não apenas revisitou uma obra clássica, mas também atualizou sua linguagem e estética, conquistando novas plateias e reafirmando o poder da arte de provocar reflexões profundas.
Teatro Renaissance 25 anos: palco de grandes memórias
Ao longo de suas duas décadas e meia de existência, o Teatro Renaissance se orgulha de ter sido casa de grandes montagens, artistas consagrados e propostas inovadoras. E “A Alma Boa de Setsuan” certamente ocupa um lugar de destaque nessa trajetória.
Relembrar essa estreia é mais do que um simples #tbt — é reafirmar o nosso compromisso com a excelência artística, a diversidade de repertório e o diálogo com o público.
O Teatro Renaissance
Inaugurado em 1999, o Teatro Renaissance é um espaço cultural que abrange uma ampla gama de expressões cênicas. Sendo assim, ao longo dos anos, apresentamos teatro de prosa, música popular, música erudita e dança, oferecendo espetáculos com diversas temáticas e abordagens sobre as relações humanas.
Estamos localizados na Alameda Santos, 2.233, no bairro dos Jardins, em São Paulo e possuímos mais de 20 anos de história, proporcionando uma programação semanal com variadas apresentações em nosso palco.
Com uma capacidade para 440 pessoas, contando com 420 poltronas numeradas e oito espaços para cadeirantes (equivalente a 16 poltronas), nosso teatro acolhe um público diversificado e fiel.
Às sextas-feiras são marcadas por apresentações de stand-up comedy, atraindo fãs de humor para shows às 23h59. Nos fins de semana, é a vez de grandes atores e atrizes protagonizarem peças de dramaturgos de todo o mundo, proporcionando momentos marcantes em nosso palco. Fique por dentro dos nossos espetáculos seguindo o nosso perfil no Instagram e a nossa página no Facebook.