Hoje, no nosso #TBT especial, relembramos uma obra que tocou o público: “Simplesmente Eu, Clarice Lispector”, monólogo estrelado e dirigido por Beth Goulart, que se tornou um marco na trajetória recente do teatro brasileiro.
O espetáculo foi um mergulho poético e existencial na obra e no universo interior de uma das maiores escritoras do século XX. Com texto construído a partir de entrevistas, cartas, depoimentos e trechos emblemáticos de livros e contos, Beth Goulart entrega uma performance sensível, profunda e arrebatadora.
Uma atriz, uma autora, quatro personagens e muitas Clarices
Durante dois anos, Beth Goulart se debruçou sobre a obra de Clarice Lispector em uma extensa pesquisa. O resultado desse mergulho foi uma conexão íntima com a escritora e com seus personagens, que ela traz à tona no palco com corpo, voz e alma.
No monólogo, Beth dá vida à própria Clarice e a quatro personagens femininas emblemáticas: Joana, de Perto do Coração Selvagem; Ana, do conto Amor; Lóri, de Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres; e uma mulher sem nome, do conto Perdoando Deus. Cada uma representa um aspecto da autora e traduz um recorte da experiência feminina, do amor, da criação e da existência.
Uma homenagem ao amor e à literatura
Para Beth Goulart, o eixo central da obra é o amor. “Clarice falava sobre o amor maternal, o amor ao próximo, o amor a Deus, à natureza e à vida. Essa foi a linha que escolhi para apresentar a Clarice ao público”, explica a atriz.
Ao subir ao palco do Teatro Renaissance, Beth traz não só a Clarice escritora, mas a mulher em toda sua complexidade — irônica, sensível, provocadora e absolutamente humana. E é nesse reencontro com a literatura que o público se emociona, se reconhece e se transforma.
Encenação minimalista com emoção à flor da pele
Com uma cenografia limpa, quase onírica, o espetáculo conduz o espectador para dentro do universo lispectoriano. O cenário branco, assinado por Ronald Teixeira e Leobruno Gama, se transforma com os efeitos de luz e movimento, criando diferentes atmosferas em cada passagem.
A iluminação de Maneco Quinderé atua como um personagem silencioso, destacando nuances de emoção. A direção de movimento de Márcia Rubin e a preparação vocal de Rose Gonçalves enriquecem a expressividade de Beth em cena. A trilha sonora original, composta por Alfredo Sertã e inspirada em Satie, Piazzolla e Arvo Pärt, guia a experiência com sutileza e poesia.
Do palco para o coração do público
Beth não apenas interpreta. Ela se funde a Clarice. Como a própria atriz afirma: “Usando as palavras dela, eu também estou falando de mim. Eu me revelo através das minhas escolhas”. A identificação com a escritora nasceu na juventude, quando leu Perto do Coração Selvagem e se viu representada por Joana. Desde então, a vontade de encenar Clarice se tornou um desejo antigo — que hoje emociona plateias por todo o Brasil.
A caracterização, assinada com delicadeza por Westerley Dornellas e figurino de Beth Filipecki, completa a transformação. Tudo foi pensado para que a atriz pudesse transitar com fluidez entre as personagens, como se estivesse de fato escrevendo uma história viva em cena.
Um espetáculo que fomenta a leitura
Além de emocionar o público com sua performance, Beth Goulart encontrou uma maneira especial de incentivar a leitura: ao fim de cada apresentação, realiza o sorteio de dois livros — um da obra de Clarice Lispector e outro de sua própria autoria. Uma forma generosa de prolongar a experiência e espalhar ainda mais o legado literário de Clarice.
Premiações e reconhecimento
Não por acaso, “Simplesmente Eu, Clarice Lispector” conquistou prêmios importantes. Beth Goulart foi reconhecida como Melhor Atriz por instituições como o Shell 2009, APTR, Revista Contigo e Qualidade Brasil. Este último também premiou a montagem como Melhor Espetáculo. O talento e a dedicação da atriz em dar vida à escritora foram amplamente aclamados por público e crítica.
Teatro Renaissance: 25 anos de história e grandes momentos
Em seus 25 anos, o Teatro Renaissance tem sido palco de montagens inesquecíveis, que vão do drama à comédia, sempre com o compromisso de oferecer ao público experiências de alta qualidade artística. Receber “Simplesmente Eu, Clarice Lispector” foi um desses momentos especiais que marcaram a história da casa — e do público.
Ao relembrar essa montagem no nosso #TBT, celebramos não apenas Clarice Lispector e sua literatura atemporal, mas também o poder do teatro de nos transformar, nos emocionar e nos reconectar com o que há de mais essencial: o amor, o silêncio, a solidão, o mistério… e o instante-já.
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O Teatro Renaissance
Inaugurado em 1999, o Teatro Renaissance é um espaço cultural que abrange uma ampla gama de expressões cênicas. Sendo assim, ao longo dos anos, apresentamos teatro de prosa, música popular, música erudita e dança, oferecendo espetáculos com diversas temáticas e abordagens sobre as relações humanas.
Estamos localizados na Alameda Santos, 2.233, no bairro dos Jardins, em São Paulo e possuímos mais de 20 anos de história, proporcionando uma programação semanal com variadas apresentações em nosso palco.
Com uma capacidade para 440 pessoas, contando com 420 poltronas numeradas e oito espaços para cadeirantes (equivalente a 16 poltronas), nosso teatro acolhe um público diversificado e fiel.
Às sextas-feiras são marcadas por apresentações de stand-up comedy, atraindo fãs de humor para shows às 23h59. Nos fins de semana, é a vez de grandes atores e atrizes protagonizarem peças de dramaturgos de todo o mundo, proporcionando momentos marcantes em nosso palco. Fique por dentro dos nossos espetáculos seguindo o nosso perfil no Instagram e a nossa página no Facebook.
