Nara Leão é um ícone para se entender a música, a cultura e a sociedade brasileira dos anos 60, 70 e 80. Suas atitudes pioneiras e revolucionárias se refletem em um repertório absolutamente singular e marcam uma trajetória que reverbera mesmo após três décadas e meia de sua partida.
‘Os Olhos de Nara Leão’, montagem que agora estreia em São Paulo, é fruto do arrebatamento causado pela cantora em Zezé Polessa, que partilha o desejo de revivê-la nos palcos tendo ao seu lado, na autoria e direção do espetáculo, o amigo Miguel Falabella, parceiro em uma série de projetos teatrais. A peça chega à capital paulista após exatos 60 anos do lançamento do Show Opinião, considerado pela crítica especializada um marco na história cultural brasileira.
Zezé Polessa cresceu ouvindo e acompanhando a carreira de Nara através dos discos e dos muitos sucessos apresentados em festivais na TV. Durante a pandemia, ao ler uma biografia da cantora, iniciou uma profunda pesquisa que originaria sua próxima personagem. Existe vasta documentação impressa da vida e obra de Nara Leão.
Ao comentar seu desejo de interpretar Nara durante uma conversa com Miguel Falabella, ele imediatamente aceitou escrever o texto. Em apenas uma semana juntos, ainda em meio à pandemia, a primeira versão do espetáculo começou a ganhar forma.
Momentos e canções
No espetáculo, Nara está em cena como se tivesse vindo de algum lugar do futuro – ou do passado – para compartilhar com o público suas lembranças e reflexões. O texto, construído em fluxo de consciência, relembra momentos e canções da artista sem seguir uma cronologia formal – um reflexo da liberdade de Nara como artista e mulher.
“Não procuro imitar o seu jeito de falar ou cantar. Existe uma liberdade em todo este processo – não poderia ser diferente com alguém que sempre foi tão livre”, comenta Zezé, que interpreta ao vivo sucessos como ‘A Banda’, ‘Corcovado’, ‘Marcha da Quarta-feira de Cinzas’, entre outros.
Com direção musical de Josimar Carneiro, cenário de Marco Lima e iluminação de Cesar Pivetti, o espetáculo percorre os diversos estilos e movimentos dos quais Nara participou. Da Bossa Nova ao Tropicalismo, dos festivais da canção ao samba-canção, Nara Leão foi plural e sempre inquieta. Sua criação artística refletia sua liberdade.
Ao longo das cenas, surgem temas como a repressão militar, o exílio, o avanço do feminismo, as revoluções comportamentais das décadas de 60 e 70, a maternidade e os relacionamentos da cantora.
Zezé Polessa tem experiência em musicais e destaca que o maior desafio foi selecionar o repertório. “As canções de Nara me acompanham há muito tempo, eu já sabia as letras de boa parte. Agora, o desafio foi escolher o que entraria, já que ela gravou tanto e com tanta relevância”, afirma a atriz.
Uma amizade eternizada nos palcos
Zezé Polessa e Miguel Falabella se conhecem desde os anos 70 e já dividiram o palco diversas vezes. Trabalharam juntos em montagens como ‘Mephisto’, ‘O Submarino’, ‘Florbela Espanca – A Bela do Alentejo’ e mais recentemente em ‘A Mentira’ e ‘Os Monólogos da Vagina’. A longa parceria artística se reflete na sintonia entre atriz e diretor neste novo trabalho.
Sinopse
Ao longo de sua trajetória, Nara Leão assumiu um compromisso profundo com a liberdade, eternizando-se como uma das grandes personalidades brasileiras do século XX. Neste solo, Zezé Polessa revive a cantora que marcou época, quebrou tabus, lançou modas e protagonizou movimentos como a Bossa Nova, o Tropicalismo e as canções de protesto durante a ditadura. Escrita e dirigida por Miguel Falabella, ‘Os Olhos de Nara Leão’ traz de volta a artista para compartilhar com o público suas memórias, reflexões e sucessos como ‘A Banda’, ‘Diz que fui por aí’, ‘Corcovado’ e ‘Marcha da Quarta-feira de Cinzas’.
Ficha técnica
Os Olhos de Nara Leão
com Zezé Polessa
Texto e direção: Miguel Falabella
Assistente de direção: Erica Montanheiro
Direção musical, arranjos e produção musical: Josimar Carneiro
Cenografia: Marco Lima
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Desenho de som: Arthur Ferreira e João Gabriel Mattos
Figurino: Nathália Duran
Visagismo: Marcelo Dias
Músicos (estúdio):
Bateria e percussão: André Boxexa
Piano e acordeon: Antônio Guerra
Violão: Josimar Carneiro
Contrabaixo: Pedro Aune
Saxofone, clarinete e clarone: Rui Alvim
Preparadora vocal: Mariana Baltar
Camareira: Maninha Xica
Operador de luz: Lucas Leicam
Operação de som: João Gabriel Mattos
Diretor de palco e microfonista: Douglas Fernandes
Comunicação
Gerente de comunicação, design e mídias digitais: Gigi Prade
Performance e pesquisa de conteúdo: Leila Guimarães
Concepção visual: Kelson Spalato
Fotógrafos: Priscila Prade e Flavio Colker
Audiovisuais: Gatu Filmes
Assessoria de imprensa: Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho
Produção
Direção de produção: Priscila Prade
Produção executiva: Thomas Marcondes
Assessoria jurídica: Andrea Francez
Administração: Kelly Marietto
Idealização: Zeze Polessa
Realização: Brica Braque Produções e Polessa Produções